segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Versos para Ginetta

Eis alguns versos livres
escritos por José Ferreira de Souza
por ocasião do falecimento de Ginetta.


SE
Seria um céu sem estrelas
Uma festa sem música
Araceli sem Ginetta
Se não fosse o Ideal
E este vivido por ela.

Como são belas
Essas lágrimas luminosas
Como gotas de orvalho
Iluminadas pelo sol.
Como ela só sabia fazer.
Foi assim que viu o seu Brasil crescer,
Como pétalas de rosas, de todas as cores.
E, de raquíticos que éramos,
Atrizes e atores.

E, com a força da fundadora, forma fundadores...
Tem pressa, mas não se apressa.
Eis o desafio:
Na velocidade da correnteza de um rio em direção à foz.
Fascina todos nós, seus filhos, sem distinção!
Foi assim que esta nação nasceu.
Apareceu: Economia de Comunhão, Mariápolis Permanentes, Pólo Empresarial, o mundo da política, obras sociais...
E algo a mais:
Uma imponente igreja dedicada a Jesus Eucaristia,
Como garantia de um poço com o seu sobrenome.

Pouco a pouco vai plasmando nova terra, novos céus.
Resultado progressivo de uma fecunda esposa do Abandonado,
O seu “Crucificado vivo”. É fantástico! É fantástico!
Comparada com os astros:
Eis aí a prova mais elegante!
Jamais foi vista minguante,
Mas sempre crescente, cheia e nova.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

REVIVENDO EPISÓDIOS MARCANTES

TRANSCREVEMOS O DEPOIMENTO DE GIS CALLIARI, IRMÃ DE GINETTA,
NO DIA 8 DE MARÇO DE 2001, APÓS A MISSA DE CORPO PRESENTE.
Ginetta, como muitos de vocês sabem, é minha irmã.
Dois anos mais velha do que eu, nasceu em Trento, em 15 de outubro de 1918, numa família, séria, sadia, de fé profunda.
Éramos muito unidas desde pequenas, também nas travessuras de criança.
Trabalhamos juntas numa empresa perto de Veneza, cujos proprietários nos consideravam como filhas e tinham a intenção de, um dia, nos tornarem herdeiras de tudo.
Lembro-me daquele período, do nosso sofrimento ao constatar as desigualdades sociais em relação aos camponeses e aos empregados.
Um dia, recebemos o cartão postal de uma amiga de Trento, que nos falava de Deus como aquele que vale mais do que tudo.
Foi como um chamado Dele. Decidimos deixar tudo (preparando-nos às escondidas para que não nos impedissem de partir) e voltamos para Trento.
Alguns dias depois, as bombas destruíram aquela estrada...
Em 1944, o encontro com Chiara.
A adesão foi imediata, total, e Ginetta logo ficou com Chiara, desde o início, na Praça dos Capuchinhos.
Mais tarde, em 1948, quando Chiara foi para Roma, confiou Trento a Ginetta e, a partir dali, o Ideal se espalhou pelas cidades vizinhas: Veneza, Pádua e, em seguida, Milão, Turim e todo o Norte da Itália.

Ginetta ia a essas cidades, amava, falava, conquistava e surgiam focolarinas, focolarinos, comunidades inteiras.
Chiara recorda que a primeira experiência de comunhão de bens, ainda na comunidade de Trento, está ligada a Ginetta. Ela mesma queria ter ido falar sobre este assunto num encontro, mas, na última hora, por um imprevisto, enviou Ginetta com uma carta sua. O efeito foi surpreendente e imediato. As pessoas se despojaram logo de tudo e entregaram a Ginetta o que tinham: dinheiro, relógios, frutas, verdura, ovos, tudo!
Começou, então, o uso do caderno no qual se anotava, de um lado, o que se recebia e, do outro, as necessidades; com uma relação da providência, que era sempre muito abundante – o que dava muita alegria a Chiara.
Era um dos primeiros sinais da fé carismática de Ginetta, fé total na palavra de Chiara, que se traduzia em atuar imediatamente e com alegria o que ela dizia. É essa fé que deu origem a inúmeros milagres – podemos dizer – até o florescimento da Economia de Comunhão que, tendo nascido do coração de Chiara aqui na Araceli, teve o seu grande e surpreendente desenvolvimento justamente graças à fé concreta e atuante de Ginetta.

Em 1958 e 1959, ela foi uma das primeiras a atravessar o oceano.
A partir daquele momento, falar em Ginetta e falar em Brasil é a mesma coisa.
Quantas vezes ela nos contou que, quando foi se despedir de Chiara, esta lhe disse: “Não lhe dou um crucifixo dos missionários, eu lhe dou um crucifixo vivo: Jesus Abandonado”.