segunda-feira, 26 de julho de 2010

"QUEM NÃO DÁ TUDO, NADA DÁ"

Trecho extraído do livro "Partono i Bastimenti", de Matilde Cocchiaro, Editora Città Nuova, 2009

"Quem não dá tudo, nada dá!", Chiara tinha lhe dito isso comentando a frase "Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração, com toda a mente, com todas as força e o teu próximo como a ti mesmo". E, para explicar-se melhor, deu um exemplo: "Você não pode dizer que deu uma bolsa a um pobre se continuar a segurá-la nem que seja só por um cantinho. Assim, Deus não pode pegar o que lhe dizemos oferecer se ainda seguramos em algum ponto". Estas palavras realizam em Ginetta uma mudança profunda e verdadeira: finalmente ela entende que Ele quer tudo e lhe pede esse tudo através do amor concreto aos irmãos. Os outros interesses passam a ter uma ordem que é conseqüência disso, de acordo com as exigências da caridade, que dá cor e significado às ações do seu dia. No início, não é fácil para ela permanecer fiel a essa lógica divina, freqüentemente tem de enfrentar o seu caráter explosivo. Um dia, por exemplo, não consegue controlar-se e trata mal a sua irmã Gis. Consciente do erro cometido e arrependida sinceramente entra na igreja, como costumava fazer, com a intenção de confessar; não encontrando o sacerdote, ajoelha-se no último banco. Um certo mal-estar a impede de ocupar o primeiro lugar, diante do Sacrário. Com o rosto entre as mãos está para pedir perdão a Jesus, mas percebe com clareza na alma a resposta Dele: "O que você veio fazer aqui? Certamente você faltou de caridade para comigo, mas em Mim na sua irmã. Vá até ela e diga o que gostaria de ter dito aqui agora".

Ginetta volta para casa e depois de uma luta dura consigo mesma, porque lhe custa humilhar-se, por fim consegue pedir desculpa a Gis. Após esse simples gesto, eis que novamente experimenta a serenidade e uma paz mais profunda. A partir desse dia, antes de dormir, as duas irmãs pedem desculpa reciprocamente, para cancelar - se houvesse - qualquer pequena sombra e ter certeza de que houvesse entre elas o mais perfeito acordo. Ginetta compreende cada vez mais, porque faz a experiência, o significado profundo das palavras do Evangelho e sua irmã é arrastada nessa sua nova aventura.
Começa, então, a prestar mais atenção a quem passa a seu lado e a ser mais prestativa em casa, renunciando com prazer aos seus programas quando é necessário. Também no escritório está mais pronta a amar concretamente os colegas e não hesita em levantar-se para fechar uma janela, para oferecer um copo de água ou a aceitar os trabalhos mais pesados. Está certa, desse modo, de demonstrar a Deus, com os fatos, o seu amor. Com esse esforço constante da vontade, percebe que, pouco a pouco, consegue dominar o próprio caráter com uma força nova.
Finalmente eu havia entendido que tinha de corrigir a minha antiga convicção - escreve Ginetta - O homem não vale por aquilo que conhece, mas por quanto ama! E procura fazer assim, para dar o valor justo à sua vida.
No escritório, na mesa em frente à minha, trabalhava um moça que em outros tempos teria me incomodado terrivelmente porque, emperiquitada ao máximo, continuava a se olhar no espelho e a ajeitar o cabelo ou a maquiagem... Mas, esforçando-me para ir além das aparências, recolhi da sua atitude uma grande lição; percebi que eu também tinha um espelho no qual me verificar. Era Jesus que me lembrava: "Olha que Eu estou em cada um desses próximos que estão ao teu lado".

segunda-feira, 5 de julho de 2010

LEVAR O IDEAL DA UNIDADE

TRECHO EXTRAÍDO DO LIVRO "GINETTA. UMA VIDA PELO IDEAL DA UNIDADE", pg. 115, Editora Cidade Nova.

(Foto do primeiro focolare, na praça Cappuccini, em Trento, Itália)
"Senhor, manda-me almas".
Como estávamos em tempos de guerra, faltava tudo, e Deus quis se servir de mim como instrumento para levar a providência ao primeiro focolare do mundo, na praça Cappuccini.
Como fazíamos parte da Ordem Terceira Franciscana, logo nos confiaram os pobres. A certo ponto, Chiara confiou a mim todos eles, e assim era eu que devia procurar a providência. Nesse tempo, eu ainda não morava no focolare. Todos os sábados, as primeiras focolarinas iam visitá-los levando aquela providência que chegava.
E Chiara ficava sempre feliz quando eu me apresentava com a providência! Mas um dia, ela me chamou de lado e me disse:
- Ginetta, gosto quando você chega com a providência, mas eu ficaria mais contente se você trouxesse outras pessoas.
A este ponto, tive a impressão de que Chiara estivesse me pedindo algo que ia além das minhas possibilidades, de que eu nunca teria podido dar uma resposta concreta a este pedido. E se não caí no chão naquele momento foi mesmo pela graça de Deus, porque tomei um susto...! Como se Chiara me dissesse: "Vamos ver se você é ou não é feita para nós".
Fui para casa e disse à minha mãe:
- Mãe, a partir de hoje não volto mais para almoçar em casa; vou ficar no escritório, porque tenho de fazer horas extras.
Tinha três horas de folga entre o expediente da manhã e o da tarde, das doze às três. Assim, organizei essas três horas: a primeira para escrever a pessoas que tinha conhecido na minha vida, para ver se no futuro seria possível transmitir-lhes essa minha escolha de vida, essa experiência. A segunda hora, para ler a vida dos santos - porque dizia a mim mesma: Não há um santo que não tenha conseguido criar ao seu redor uma família espiritual, uma comunidade. E os santos tornaram-se meus mestres. A terceira hora a transcorria em um igreja dedicada a Maria Menina, que estava sempre vazia. (...) Das duas às três eu ficava de joelhos diante do sacrário da igreja de Nossa Senhora Menina, pronunciando a mesma oração do santo Cura D'Ars, ligeiramente diferente: "Senhor, eu te amo, ma não te amo suficientemente; manda-me almas!" Mas era uma súplica, era como um gemido! Continuei, não sei por quanto tempo, a dirigir a Deus esse pedido. E aos poucos vi que uma jovem ou um adulto, ou... vinham me procurar para conhecer algo da minha vida, porque viram que eu estava tão diferente de como era antes! E assim se formou um grupinho ao meu redor.
Um dia Chiara me disse:
- Ginetta, quero conhecer aquele grupo de pessoas às quais você transmitiu a espiritualidade, o Ideal.
Fomos todas ao focolare, na praça Cappuccini. Chiara conversou com cada uma; depois, elas foram embora, e Chiara me disse:
- Ginetta, gostei de ter conversado com aquelas pessoas, fiquei contente! Se você tivesse me apresentado um grupinho de jovens, de adolescentes, teria dito que você não deu o Evangelho na sua pureza; se você tivesse me apresentado um grupo de velhinhas, teria dito a você a mesma coisa. Ouvindo-as, percebi que você deu a elas o Evangelho puro, não um Evangelho diluído, mas o Evangelho puro!